Entendendo como surgiu a pesquisa

@rte.ma: elaboração de MEA para a Educação Básica do Estado do Maranhão a partir das produções das artes visuais maranhenses do século XXI

Fazer parte da segunda turma do Mestrado Profissional em Artes - PROFARTES, iniciada em 29 de fevereiro de 2016, possibilitou a realização de uma dissertação que envolvesse a pesquisa sobre obras de artistas das artes visuais maranhenses - tema que é latente em meus estudos acadêmicos e na práxis docente há muito tempo, além de poder criar um grupo de pesquisa com alunos, item já percebido como essencial na formação de jovens que estão a concluir o Ensino Médio: a iniciação ciêntífica.
O grupo de pesquisa "PesquisAção" foi criado como esse objetivo, assim como para dar suporte a pesquisa de mestrado @rte.ma: elaboração de MEA para a Educação Básica do Estado do Maranhão a partir das produções das artes visuais maranhenses do século XXI. Essa dissertação tem como problema científico a ausência de MEA - Meios de Ensino e Aprendizagem, voltados ao conhecimento da produção de artes visuais maranhenses na educação básica. Diante de uma realidade de sala de aula em que existe uma imensa lacuna de recursos didáticos (visuais e audiovisuais) sobre artistas produtores das artes visuais do nosso estado (essa realidade foi levantada também com outros professores de Arte em questionário online, como veremos adiante), a pesquisa então compreende algumas etapas com os alunos pertencentes ao grupo PesquisAção: levantamento de material bibliográfico para o estudos prévios, a pesquisa de campo  e  a organização do material coletado em MEAs.

O nome dado ao grupo de pesquisa parceiro da pesquisa - PesquisAção, é oriundo de uma metodologia de pesquisa científica, a pesquisa-ação,  que justamente prioriza o "conhecer" e o "agir" coletivo, como afirma (BALDISSERA, 2001, p. 5 apud Thiollent, 1985, p. 14 ).

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social que é

concebida e realizada em estreita associação com uma 

ação ou com a resolução de um problema coletivo e no 

qual os pesquisadores e os participantes representativos

da situação da realidade a ser investigada estão envolvidos

de modo cooperativo e participativo. 

O problema coletivo (de professores de Arte) é, conforme já dito - a ausência de MEAs contextualizados com as artes visuais do estado do Maranhão. Realizou-se então um levantamento dos artistas a serem pesquisados na pesquisa de campo com  o uso do método Delphi. um método que utiliza questionários aplicados para sondagem com um grupo de"especialistas" nesse caso- professores de Arte, artistas e gestores culturais. Já a pesquisa de campo partiu de um processo colaborativo eu - pesquisadora e alunos - pesquisadores, para quem a investigação objetiva vivências sobre a prática da pesquisa, além do apoio na fase de curadoria educativa e aplicação metodológica com os MEAs.

Procedimentos para chegar aos dez artistas a serem pesquisados

Grupo Fechado FACEBOOK e Formulário GOOGLE: utilizando as TICs na pesquisa

Pensando em incluir efetivamente as tecnologias da informação e comunicação - TICs, na pesquisa, a rede social e as ferramentas do GOOGLE foram amplamente utilizadas como veremos a seguir.

Como fase preliminar, dez artistas que atuam nas artes visuais maranhense no século XXI foram selecionados. É importante ressaltar, que chegou-se a esses artistas aplicando a "adaptação" do método Delphi.

O método Delphi segundo MARTINS (2013, p. 72) "(...) é uma técnica de pesquisa, organizada em várias rodas de inquérito, de modo a recolher informação sobre determinado assunto." O objetivo é obter um consenso entre um grupo de especialistas, "(...) encontram-se separados no tempo e no espaço, sem influência dos outros participantes e livres de dar sua opinião, através de inquéritos" (2013,p. 72). Já o grupo de especialistas, são características "(...) são selecionados pelo seu conhecimento, pela prática ou pela investigação desenvolvida, na área que se pretende investigar." (2013, p. 74).

Visto isso, nosso grupo de especialistas foi formado com pessoas da área: artistas, professores de arte e gestores culturais, que foram convidados inicialmente para participar de um grupo fechado do FACEBOOK intitulado "Pesquisa em Artes Visuais Maranhão" no total final de 129 membros. O grupo foi aberto em 04 de novembro de 2016 - com o intuito de coletar quantas sugestões possíveis de nomes de artistas atuantes nas artes visuais do Maranhão, indicados por esses especialistas convidados, sem delimitar número de participações - cada especialista poderia indicar quantos artistas quisesse nessa etapa.

Print da página do grupo fechado Pesquisa em Artes Visuais Maranhão
Fonte: https://www.facebook.com/groups/536869486502669/

O grupo fechado do FACEBOOK ficou recebendo as sugestões até 4 de abril de 2017, pois foi necessário fechar esse ciclo de sugestões livres, para iniciar a fase de escolha privativa pelos especialistas. Nessa fase se deveria extrair apenas dez nomes de artistas do total geral de 60 (sessenta) sugestões resultantes da primeira etapa concluída, que foram:

1. Ciro Falcão, 2. Alain Moreira Lima, 3. Dila, 4. Paulo César, 5. João Carlos P. Cantanhede, 6. Jane Maciel, 7. Joshua Pessoa, 8. Graça Soares, 9.Naldo Saori, 10. Flávio Aragão, 11. Zilson Costa, 12. Ronilson Freire, 13. Rom Freire, 14. Beto Nicácio, 15. Joe Abreu, 16. Marcio Dantas, 17. Robson Aguiar, 18. Davi Coelho, 19. Gê Viana, 20. Joaquim Santos, 21. Adonias Junior, 22. Thiago Ramos, 23. Wilka Sales, 24. Hellyson Layo de Jesus Bulhão, 25. Binho Dushinka, 26. Murilo Santos, 27. Tom Bezerra, 28. Luís Moraes, 29. Luzinei Araújo, 30. Eduardo Sereno, 31. Mario Martins, 32. Fábio Vidotti, 33. Beto Lima, 34. Marlene Barros, 35. Ana Borges, 36. Marcos Ferreira, 37. Marília de Laroche, 38. Airton Marinho, 39. Thiago Martins, 40. Edi Bruzaca, 41. Waldeir Brito, 42. Jader Sds, 43. Coletivo Linhas, 44. Lobato, 45. Haggi Wilklef, 46. Dan Frei, 47. Maria Zeferina, 48. Joy Basilino, 49. Gil Peniel, 50. Tarsis Aires, 51. Regina Borba, 52. Dinho Araújo, 53. Diego Dourado, 54. Raurísio Barbosa, 55. Rogério Martins, 56. Edson Mondego, 57. Rosilan Garrido, 58. Miguel Veiga, 59. Wilson Bozó, 60. Willian Martins.

A pesquisa de opinião para se chegar a um consenso de dez artistas visuais do Maranhão

A nova fase do formulário do GOOGLE - ferramenta escolhida, se iniciou em 07 de abril  de 2017, conforme a imagem abaixo, que faz a chamada para os especialistas sobre o questionário. Segundo essa etapa, explica MARTINS (2013, p.75)

O método de Delphi é um processo interativo, que geralmente 

é realizado em duas ou três rondas, ou mais, até atingir o 

consenso das respostas de um painel de especialistas. 

O questionário é a ferramenta de recolha de informação 

e de opinião dos inquiridos, aplicado através de uma sucessão de rondas. 

Os questionários são propostos de acordo com o resultado de ronda anterior.

Print da página do grupo fechado Pesquisa em Artes Visuais Maranhão
Fonte: https://www.facebook.com/groups/536869486502669/

Conforme orienta Martins, iniciou-se as rodadas de envio do formulário Google - o que o autor chama de "ronda".  O primeiro formulário - colocou-se os 60 (sessenta) nomes. Após a seleção dos especialistas, chegou-se a um resultado de 22 (vinte e dois) artistas. Veja gráfico em colunas na imagem abaixo.

Link do primeiro formulário: https://goo.gl/forms/iiVuXrRBzhxXNaCu2

Gráfico com resultados dos artistas que passaram a segunda etapa por porcentagem
Fonte: Formulário Google da autora https://goo.gl/forms/iiVuXrRBzhxXNaCu2

O segundo formulário - partiu dos 22 (vinte dois) artistas mais votados para se chegar aos 10 (dez) finalistas. Esse resultado partiu dos nomes mais significativos para cada especialista em particular. Conforme já dito, o método Delphi tem como característica não divulgar os resultados dos especialistas entre eles, que formam o grupo de opinião. Essa confidencialidade é para não influenciá-los nas suas escolhas e, consequentemente, não tendenciar ou mascarar os resultados obtidos. Esses resultados foram gerados automaticamente pelo formulário online, via gráficos. A imagem abaixo ilustra, conforme aparece no formulário final número 2 (dois).

Link do segundo formulário: https://goo.gl/forms/BfNkLJNpMIdBIKIM2

Imagem do formulário 2 com 22 artistas
Fonte: formulário Google da autora https://goo.gl/forms/BfNkLJNpMIdBIKIM2

Problematizando os resultados

 Contribui para a reflexão e problematização dos resultados obtidos, MARTINS ( 2013, p. 13) apud (Gordon, 1994, p. 73): 

(...) um estudo Delphi poderá não produzir resultados estatísticos

 significantes, devido ao número de participantes que geralmente 

compõe um painel Delphi (...) os resultados representam

 apenas a opinião de um grupo de especialistas em particular, 

não representando por isso, uma população maior.

 O grupo fechado do FACEBOOK ficou aberto a todas as sugestões por cinco meses, e se houve ausências de nomes de artistas visuais importantes, não poderia interferir, pois a proposta sempre foi a imparcialidade nessa etapa do processo de escolha dos nomes. O resultado final  da aplicação do método Delphi após a segunda rodada, ficou de acordo com o gráfico abaixo.

Resultado final por gráfico em tiras e porcentagem
Fonte: Formulário Google da autora https://goo.gl/forms/BfNkLJNpMIdBIKIM2

Então como resultado final, os dez artistas de artes visuais representativos para esse grupo de especialistas, ficou assim determinado: 1. Miguel Veiga (81,1%), 2. Paulo César (78,4%), 3. Marlene Barros (75,7%), 4. Dila (70,3%), 5. Airton Marinho (70,3%), 6. Murilo Santos (67,6%), 7. Rogério Martins (48,6%), 8. Edson Mondego (43,2%), 9. Dinho Araújo (43,2%), 10. Thiago Martins (43,2%).

Analisando o resultados

Cabe ressaltar novamente que esse resultado é fruto de uma pesquisa com um grupo de "especialistas", por serem os membros deste grupo, oriundos do trabalho com as artes, seja a nível de docência, gestão ou artista propriamente dito. A minha participação com pesquisadora nesse processo foi de neutralidade, se restringindo a organizar as sugestões dadas, elaborar os formulários com os nomes sugeridos, enviar para seleção, e por fim, coletar os resultados que nortearia a pesquisa de campo.
Os resultados dessa etapa, obviamente, não pretendem nomear nem ranquear os "dez artistas mais representativos" do período compreendido entre o início do século XXI até o presente momento, nem poderia, são fruto de opiniões de um grupo com suas predileções pessoais/profissionais, por múltiplos motivos. Outro fato a ser observado é que o números de participantes como especialistas também deveria ser mais expressivo, pois o grupo fechado do FACEBOOK possuía 129 pessoas convidadas, mas somente (19) dezenove membros participaram efetivamente com sugestões de nomes de artistas. A enquete iniciou-se em 04 de novembro de 2016 e foi até o dia 04 de abril de 2017, ou seja, tempo razoável para a participação solicitada. Já nos formulários do GOOGLE, o número de pesquisadores especialistas atuantes foi (58) cinquenta e oito membros.
Esses resultados demonstram que apesar da necessidade, é baixa a aceitação de convocação para ser partícipe de uma pesquisa, mesmo que esta, seja diretamente ligada a seu campo de atuação e trabalho. Mas foram esses os dados obtidos,e assim sendo - a base para o próximo passo: a pesquisa de campo.

A Pesquisa-ação e elaboração dos MEAs: metodologia e objeto 

Metodologia

Conforme já mencionado, a metodologia para a pesquisa de campo foi a Pesquisa - Ação, que envolve professores e alunos em fases diferentes do processo como parceiros também. Sobre a participação de professores e alunos nas ações de pesquisa-ação, BALDISSERA (2001, p.8) diz:
"Participação é uma atividade em cujo processo estão envolvidos os pesquisadores como os destinatários do projeto, que não são considerados objetos da pesquisa, mas sujeitos ativos que contribuem no conhecer e no transformar a realidade em que estão inseridos. "

Dito isso, nossos sujeitos ativos: professores de Arte e alunos da educação básica, são os sujeitos ativos aos quais Baldissera se refere, para os quais esses MEAs foram pensados, buscando contribuir na transformação qualitativa da práxis docente e na aprendizagem discente.

O Objeto - MEAs

O resultado concreto da pesquisa será criar MEAs - Meios de Ensino e Aprendizagem, que serão: dez pranchas visuais com imagens de duas obras representativas de cada artista acompanhadas de seus respectivos encartes/cadernos educativos com informações bibliográficas, propostas de leitura visual e de contextualização, e a edição de um documentário em formato de DVD e em canal do YouTube com as entrevistas dos mesmos dez artistas selecionados para as pranchas visuais.
O material do Arte na Escola: artebr e DVDteca foram meios de ensino e aprendizagem sempre utilizados nas minhas aulas de Arte. Assim como por exemplo o material do Brasil 500 anos e o material educativo do SESC - Serviço Social do Comércio - recursos materiais didáticos nas práticas docentes. Por isso, fomentaram o problema científico desta pesquisa, já que não existe até o momento recursos similares-MEAs, com esse tema específico das artes visuais do Maranhão voltados para a escola.  Poder ampliar essas possibilidades, criar também algo representativo sobre arte visual do Maranhão para ser utilizado por professores de Arte (e de outras áreas caso desejem) em sala de aula com seus alunos da educação básica, o que é o objetivo dessa pesquisa científica.

Retrospectiva: da academia a ações docentes - fontes de influências propositivas 

Os MEAs - Meios de Ensino e Aprendizagem, são os recursos didáticos que se pretende produzir após o levantamento da pesquisa de campo (pranchas visuais e caderno educativo e um DVD com dez curtas-documentários), com a temática voltada para as artes visuais maranhense do século XXI. As referências a serem apresentadas a seguir, foram pontos de partida ainda na vida acadêmica, e que se prolongaram para a prática docente em Arte.

O que apresentaremos agora, são objetos de estudos e trabalhos na área de arte/educação que foram os pontos de contato, que somatizaram e impulsionaram a necessidade de buscar as artes visuais maranhense numa pesquisa, que são: o livro do BEM, a Mostra Brasil + 500, A Mostra Arte da Nossa Terra, Os materiais educativos do SESC e o material do Arte na Escola. São esses os pontos de contato que são os referenciais para então produzir os supracitados MEAs para sala de aula.

Livro do BEM

Capa

O livro do BEM - Banco do Estado do Maranhão (atualmente extinto), foi um marco em meus estudos de aprofundamento sobre os artistas plásticos do Maranhão (o termo à época). Esse livro foi editado pelo banco do Estado do Maranhão em 1994, com a curadoria de Eliézer Moreira Filho. Livro que tive o primeiro contato na "Galeria dos Artistas", localizada no Beco da Pacotilha -  Centro Histórico - Praia Grande, (atualmente desativada) que era dirigida pela marchand Lena Santos. Era um período de inicial do curso de Educação Artística pela UFMA, nos idos de 1997-1998, e como era um livro feito sem fins lucrativos, obviamente não existia para compra - exceto se alguém tivesse um e quisesse vender. Portanto, passaram-se muitos anos até que pudesse adquiri-lo num sebo da cidade. Mesmo assim, antes disso, foram muitas as vezes que li e reli o mesmo, (pois na Galeria dos Artistas tinha um). Assim, fui tomando intimidade com os artistas ali representados: Airton Marinho, Ambrósio Amorim, Antônio Almeida, Dila, Marlene Barros, os artistas professores Donato, Lobato e Paulo Cesar (do curso de licenciatura em ED. Artística com habilitação em Artes Plásticas) e outros tantos nomes que passei a conhecer por esse livro e muitos também no transcorrer dos anos, pessoalmente.
O livro do BEM,  apresentava uma breve biografia de cada artista com uma foto do mesmo e algumas reproduções de suas obras. Foi o primeiro contato documental com o histórico das artes visuais no Maranhão. 

Airton Marinho

Antônio Almeida

Celso Antonio

Paulo Cesar

Dila

Mostra Brasil + 500 Maranhão 

Capa do livro Brasil + 500

A Mostra do Redescobrimento aconteceu em alguns estados brasileiros por ocasião do fechamento do quinto centenário "oficial" do descobrimento do Brasil pelos europeus viajantes. No Maranhão aconteceu essa Mostra Expositiva de dezembro de 2000 a junho de 2001, no Convento das Mercês, bairro do Desterro. 

Essa mostra foi a primeira grande exposição coletiva do estado do Maranhão, com obras representativas de momentos variados de nossa história brasileira nas artes visuais, desde a arqueologia até o contemporâneo. Esse empreendimento arregimentou vários acadêmicos e professores de arte, para as ações de monitoria educativa (termo usado à época para a mediação atual) e depois houve um preparatório para uma seleção final dos monitores, e fui selecionada para monitora, felizmente. Após essa etapa, tivemos um curso sobre monitoria educativa com a preleção de nomes importantes do universo das artes, tais como: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, e Rosa Magalhães, e essa oportunidade foi basilar na minha formação de educadora de arte. O material disponibilizado para nós, da monitoria educativa da Mostra Brasil + 500, era de alta qualidade: apostilas, catálogo do aprendiz de arte, livros, kit com pranchas visuais.

O exposição possuía os módulos/espaços expositivos: 

• Arqueologia/Artes Indígenas
• Arte Barroca
• Arte do Século XIX
• Arte do Século XX
• Novos Caminhos da Fotografia Brasileira 
• Arte Afro-Brasileira
• Arte Popular
• Imagens do Inconsciente

Catálogo do Aprendiz de Arte

Capa do catálogo

O catálogo do aprendiz de arte foi um material de alta qualidade gráfica com algumas reproduções selecionadas da exposição, para os visitantes poderem acompanhar com um olhar mais atento e observador. Em cada página tem chamadas que estimulam a leitura da imagem, a reflexão e até estimulação criativa para criação artística dos visitantes fruidores. Tudo isso, com a coordenação da ação educativa de Gisa Picosque e Mirian Celeste Martins. Esse primeiros contatos com trabalhos dessas duas educadoras de arte, seriam decisivos no norte de minhas andanças pessoais de educadora de arte, posteriormente.

Pranchas Visuais do Brasil + 500

As pranchas visuais vieram em formato de um kit com várias reproduções de imagens presentes no acervo da exposição. Era um material destinado também para apoio de trabalhos docentes em sala de aula. Na frente - a reprodução de uma obra de um artista, e no verso - informações sobre o nome do artista, título da obra, ano, técnica, dimensões, origem, breve biografia do artista e a contextualização do período histórico social, além de curiosidades da época contemporânea a obra.
Os itens: livro, catálogo, kit de pranchas visuais aqui citados, foram presenteados a cada monitor da mostra, para apoio em seus estudos necessários a monitoria.

A Mostra "Arte da Nossa Terra" - A primeira curadoria

Por ocasião do ENEARTE - Encontro Nacional de Estudantes de Arte, que aconteceu na Universidade Federal do Maranhão - UFMA, em 2001. Eu e João Carlos, acadêmicos ainda do curso de Educação Artística com Licenciatura em Artes Plásticas e participantes da comissão de organização do evento, ficamos responsáveis pela curadoria de duas exposições, uma no Palacete Gentil Braga - com artistas portadores de deficiências de locomoção convidados pelo Encontro de Estudantes, e a outra na Galeria do SESC - uma coletiva com nomes expressivos das artes plásticas do Maranhão, chamada de Mostra "Arte da Nossa Terra". Os artistas convidados: Adiel Belo, Airton Marinho, Alain Moreira Lima, Ambrósio Amorim, Ciro Falção, Cláudio Costa, Edmar Santos, Frank, Herbet, J.Junior, Lhullier, Lucidéia, Luis Carlos, Marçal Athaíde, Marlene Barros, Miguel Veiga, Paulo César, Perícles Rocha, Raimunda Fortes, Rogério Martins, Rosilan Garrido e Vidotti.

Na frente os artistas da exposição do Palacete Gentil Braga e atras artistas na exposição Arte da Nossa Terra e os curadores João Carlos e Monica Rodrigues em 2001
Fonte: a autora

Visitas ilustres na exposição: Nerine Lobão a primeira a esquerda e Ana Mae Barbosa de vestido preto
Fonte: a autora

Os materiais educativos do SESC

Como estagiária da Galeria de Arte do SESC - Serviço Social do Comércio, localizado na Avenida Gomes de Castro, prédio onde era localizado o antigo colégio Rosa Castro - desenvolvi trabalhos diversos nessa galeria, e entre os mais significativos, a monitoria de exposições ao público de escolas públicas e privadas agendadas - PVM: Planos de Visitas Monitoradas, durante o ano de 2002.
As exposições originárias do Departamento Nacional do SESC  possuem materiais extremamente elaborados graficamente e conceitualmente, e com propostas educativas para o mediador da exposição e professores visitantes - para contribuir em trabalhos de formação do olhar com proposições criativas para os alunos em suas escolas. Vejamos alguns dos materiais oriundos de exposições do SESC Nacional.

A gravura de Lasar Segall: a poesia da linha e do corte

Chamado de guia de orientação didática para visitação, referencial para a condução das "visitas monitoradas da mostra".

Além da Beleza Plumária Indígena Brasileira/1999

Capa do Guia

Também com o guia exclusivo para o monitor que tinha como referencial o diálogo crítico - o Image Watching, de Willian Ott. Cinco momentos complementares eram orientados: o descrevendo, analisando, interpretando, fundamentando e revelando. Havia também pranchas visuais - reproduções de algumas imagens presentes na exposição com perguntas no verso para auxiliar a apreciação da mostra. Importante informar que durante esse período dessa exposição, a escrita da monografia de conclusão do curso de Educação Artística estava sendo realizada, e as experiências de leituras de imagens executadas nesse espaço expositivo do SESC foi o tema abordado do primeiro trabalho de pesquisa cientifica.

Canteiros de Obras - Exposição de Cláudio Tozzi

Esse material do SESC foi recebido já enquanto professora de Arte do Governo do Estado do Maranhão. Surpreendente qualidade gráfica, como um histórico do artista, a exposição, transparências com reproduções de obras, e acetatos coloridos com as cores luz (ainda não era usual o Power Point), além de várias pranchas visuais também com reproduções de obras do artista e com estratégias de leitura da obra, para estudos em sala de aula .

Pranchas com artistas das artes visuais maranhense

Material mais recente feito pelo SESC Regional em 2016 com sugestões de leitura (textos), filmes, biografia do artista e sobre a obra impressa. Os artistas contemplados foram: Adiel Belo, Alaim Moreira Lima, Hal Wildson, José Medeiros, Marcos Ferreira Gomes, Marlene Barros, Mozileide Neri, Suzana Melo, Vicente Jr. e Wilka Sales. Um envelope com essas pranchas era oferecido aos educadores visitantes, para momentos de mediação na escola.

Pranchas Visuais frente

Verso da prancha visual

Arte na Escola

O material do Arte na Escola entrou em minha vida quando estive professora substituta do curso de Licenciatura em Educação Artística no ano de 2006, pois o pólo fica no prédio do CCH, bloco 6 da Universidade Federal do Maranhão. Conhecendo o kit Arte br e a DVDteca, utilizei intensamente esses recursos com a docência em Ensino Superior e também na Educação Básica, sendo inclusive classificada a nível de Região Nordeste ao prêmio dessa instituição dos melhores projetos de professores de Arte. O projeto selecionado então foi "De cadeiras à Arte" executado com alunos do Ensino Fundamental Maior, do Centro Integrado do Rio Anil/CINTRA. A presença dos recursos produzidos pelo Arte na Escola reverberou definitivamente no meu eu profissional e impulsionou a busca por tentar elaborar fazer também algo similar nessa pesquisa em andamento.

arte br 

Um material didático elaborado pelo Instituto Arte na Escola formado por módulos temáticos "arte br deseja formar leitores visuais a partir de imagens da arte, reproduzidas em pranchas e cartões, mesmo porque os originais não podem ir para a sala de aula". (Encarte de apresentação do material ao professor).

Caderno Educativo Artebr    Fonte: artenaescola.org.br

Encarte com explicações das obras

Esse material possui 12 cadernos de estudos do professor, 36 imagens de obras de diferentes artistas, um mapa que localiza 12 espaços expositivos em cidades das várias regiões do Brasil e uma linha do tempo.

Caderno para orientação das propostas de leituras de arte

Caderno e prancha visual

DVDteca

Material com a coordenação educativa de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. São documentários sobre artistas e o encarte com vários itens a serem estudados/explorados no trabalho educativo antes, durante e depois de assistir o documentário, que são: título, ficha técnica, sinopse, trama inventiva, o passeio da câmera, sobre o artista, os olhos da arte, o passeio dos olhos do professor, percursos com desafios estéticos, o passeio dos olhos dos alunos, mapa potencial, desvelando a poética pessoal, ampliando o olhar, conhecendo pela pesquisa, amarrações de sentidos: portfólio, valorizando a processualidade, glossário, bibliografia e notas. 

DVDteca

Fonte: artenaescola.org.br

Encarte e DVD

Mapa potencial

Considerações sobre a pesquisa

É importante lembrar que o universo de uma pesquisa acadêmica segue padrões metodológicos que precisam ser respeitados. Logo, foi necessário delimitar o espaço temporal, sendo determinado o período entre 2001 até os dias atuais, por possibilitar o encontro dos alunos pesquisadores com os artistas e vivências mais próximas do contexto atual dos alunos.

O objetivo final destes MEAs, conforme já dito, é ser utilizado por professores de Arte das escolas básicas de todo o estado do Maranhão, e como o aluno da educação básica é o destino final dos referidos MEAs, foi-se pensado em inseri-los também no processo, nas etapas de: pesquisa de campo, analise dos dados, elaboração gráfica e de edição do audiovisual/documentários - possibilitando assim também, a contextualização dos saberes aprendidos com o universo desses jovens estudantes, ampliando e valorizando sua cultura local. Por isso a metodologia da pesquisa - ação foi escolhida, para aproveitar a participação do aluno na construção dos saberes dirigidos especialmente à eles, nas futuras aulas de Arte. 

Criação do grupo PesquisAção

A busca pelos alunos para fazerem parte do projeto, aconteceu na própria escola pública de Ensino Médio do Estado a qual atuo como professora de Arte, o C.E Domingos Vieira Filho,  localizada no conjunto Maiobão, Paço do Lumiar/MA.

A seleção iniciou-se no início do ano letivo de 2017, a partir do perfil e do desejo dos alunos que foram convidados para enveredar nos estudos preliminares para ser um pesquisador científico  (um convite que poderia ser naturalmente declinado pelos mesmos, se assim desejassem). Os critérios para fazerem parte do grupo de pesquisa foram: a disciplina, o interesse pelos estudos e a motivação. No caso dos que concordassem em fazer parte do grupo, seria necessário a autorização documental assinada pelos pais ou responsáveis, para a participação de seus filhos na pesquisa, e assim foi feito.

Desta forma, após a primeira seleção de alunos para o grupo, o passo seguinte foi realizar a reunião com os pais para assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE e tirar as dúvidas sobre o papel de seus filhos dentro do processo da pesquisa em andamento.

A reunião aconteceu no C. E Domingos Vieira Filho, no dia 29 de junho de 2017, na sala de professores.

Na sala de professores assinando os documentos

Fonte: a autora

Na entrada da escola, com a presença dos pais de Rafael, Dhanira, Crislane, Ednando e Thainara.

Fonte: a autora

A partir desse dia, o grupo PesquisAção iniciou oficialmente. Continuamente o grupo vem recebendo novos alunos, e também houve algumas desistências por parte dos que encerraram o terceiro ano e iniciaram sua inserção no mercado de trabalho, na mudança do ano 2017 para 2018. Essa rotatividade faz parte da dinâmica do grupo, que realiza as suas atividades de pesquisa bibliográfica e de campo em escalas diferentes, de acordo com as disponibilidades de horários dos seus membros. Visto ser uma atividade a parte das obrigações escolares, e de outros compromissos existentes, é preciso uma certa flexibilização para funcionar eficientemente e com entusiasmo dos participantes, principalmente. 

A seguir: os estudos em grupo sobre pesquisa e suas metodologias.

Monica Rodrigues - professora e pesquisadora